Entre a Fé e a Tentação: A Redenção de Neide
O início de uma saga cheia de mistério, humor e fé, onde a Irmã Neide enfrenta profecias, roubos e tentações para encontrar seu destino.
Desde que o Ivangivaldo partiu dessa para melhor, minha vida virou uma prova de fogo. Parece que o diabo em pessoa tá bloqueando meu caminho para encontrar um varão abençoado. Toda vez que acho que achei um, descubro que ou o servo gosta mais de outros varões do que de varoas, ou parece que levou um capote do caminhão do descarte da beleza. Quando não é isso, o abençoado já está na terceira oração para vencer a gula. Ai, meu Pai! Tá amarrado em nome de Jesus!
E olha que eu não sou qualquer uma, não. Sou praticamente a Barbie ungida de Osasco! Bumbum de mármore, seios fartos, tudo natural, cabelos pretos e brilhantes como a noite mais estrelada. Sou a prova viva de que Deus caprichou no dia em que me criou. Chegou a hora de conhecer meu varão de guerra, aquele que vai encher meu cálice até transbordar de amor. Ou meu nome não é Neide Valquíria Benigna da Cruz!
Pouca gente sabia, mas o Pastor Reginaldo estava prestes a inaugurar a primeira lojinha ungida da Apple dentro da igreja, uma revolução espiritual e tecnológica que ele vinha planejando há meses. E adivinha quem foi escolhida para cuidar de tudo? Claro, eu, a mais linda e ungida da congregação! Quando chegou o carregamento de iPads, iPhones e iPods, fui eu quem ficou responsável por receber e organizar a mercadoria. Afinal, só alguém com a minha graça celestial e eficiência poderia lidar com tamanha bênção digital.
— Neide, muito obrigado por cuidar disso. Quando a lojinha abrir, será um sucesso!
— Magina, Pastor Jairo! Não faço mais que minha obrigação no serviço do Senhor. Tenho certeza de que a Igreja inteira vai amar esses produtos para glorificar o nome de Jesus!
— Exatamente. Eu mesmo vou ungir cada aparelho, instalar aplicativos gospel e colocar a foto do Silas Mala-Faia como fundo de tela. Mesmo cobrando uns 300% a mais que na loja mundana, será um sucesso, glória a Deus!
— Aleluia, Pastor! E com essa arrecadação, sua casa de praia vai ficar uma bênção. O Senhor merece se renovar para cuidar das ovelhas!
Ele sorriu aquele sorriso doce de pastor que sabe que a vaquinha (ou o dízimo) tá gorda e me deu um aviso antes de sair:
— Não esqueça de trancar tudo, viu, Neide?
— Pastor, o Senhor pode dormir em paz. Cuido desses produtos como cuido da minha santidade!
Enquanto arrumava os produtos na salinha reservada da Igreja, meu iPhone 13 Pró Max tocou com o som de um hino da Cassiane.
— Alô? Quem fala?
— Neide, é a irmã Cleusa!
— Que foi, irmã? Por que esse tom de aflição?
— Passei na sua casa e estava tudo aberto! Procurei sua filha, a Rayanne Kellyane, mas só achei… sangue.
— Sangue de Jesus tem poder!
Desliguei o telefone e saí da Igreja correndo como quem acabou de receber o chamado do altar. Gritava pelas ruas:
— MEU DEUS, MATARÃO MINHA FILHAAA!
Cheguei em casa e lá estava a cena de terror que a irmã havia descrito.
— Cleusa, precisamos achar a Rayanne! Você vai para um lado, eu para o outro. Vamos agir antes que o sangue esfrie!
Gritei o nome da minha filha por todo o bairro. Logo lembrei que eu mesma, na pressa, havia deixado as portas da Igreja abertas. Voltei correndo para lá, arrependida e aflita.
Ao chegar, vi luzes acesas e ouvi um barulho vindo da salinha onde estavam os ungidos produtos da Apple.
— Pastor Reginaldo? É o Senhor? — perguntei, tentando manter o tom de Bispa na voz.
De repente, um homem encapuzado saiu da sala. Um ladrão! Meu coração quase pulou do peito. O varão (ou melhor, o iníquo) veio se aproximando e eu, paralisada, só consegui suplicar:
— Por favor, servo das trevas, não toque nos ungidos produtos! Eles são de Jesus!
Foi então que ele encostou em mim, me prensou contra a parede e… Santo Pai! Antes que eu pudesse gritar “sai demônio”, o abençoado roubou um beijo da minha boca. Senti um choque que parecia um culto de avivamento. Tudo ficou escuro, e então… desmaiei.
Flashback em Cristo
Lá estava eu, no auge da mundanice, passando uma camada generosa de hipoglós na região íntima enquanto aguardava o ônibus no ponto. É, meus irmãos, tempos sombrios. Era carnaval, e eu ainda não conhecia a Palavra, nem a dignidade que vem junto com a salvação.
Do nada, senti uma presença ao meu lado. Olhei e dei de cara com uma crente. Daquelas que vêm carregadas de versículos e um olhar de quem já encomendou sua alma para o Senhor.
— A paz do Senhor, mundana.
— Oi, crente. O que você quer? Já aviso que se veio pregar, pode dar meia-volta porque eu não tô com o saco ungido pra isso hoje.
— O Senhor tem um grande plano para sua vida, sabia?
— Olha, se o plano dele incluir um milagre na minha região sul, eu topo. Porque, amiga, tá ardendo mais que o inferno, viu?
A crente me lançou um olhar de misericórdia, daquele tipo que só quem viveu sabe, e disparou com uma autoridade que me paralisou:
— Toda essa sua oquidão ficará para trás. Você será ungida, pregará a Palavra para os jovens, será uma grande mensageira do Senhor na Terra e, ainda por cima, encontrará o grande amor da sua vida!
Não me aguentei e soltei:
— Virar crente? Ok, isso eu já sei que é fase de toda vadia quando chega nos 30. Mas encontrar o grande amor da vida? Tá de brincadeira. Eu já tenho um amor, viu? O nome dele é Ivangivaldo. Tudo bem que ele tá preso, curte umas aventuras com varões na cela… Mas eu sei que ele é o homem da minha vida!
Foi então que o clima mudou. A mulher fechou os olhos, começou a balançar a cabeça e falar umas coisas que, na hora, achei que fosse glossolalia ou glossário de algum dialeto perdido. Ela abriu os olhos, agora lacrimejantes, e cravou os deles nos meus:
— 44, maçã, mola… 44, maçã, mola… 44, maçã, mola.
Eu, com cara de Carla Perez tentando resolver uma conta de dividir, respondi:
— Tá maluca, mulher? Isso tá parecendo coisa de macumba! Sai pra lá!
Mas ela insistiu:
— Guarde isso, irmã. O dia que você encontrar o grande amor da sua vida, essas palavras farão sentido. 44, maçã e mola. Não se esqueça!
Deus é testemunha que fiquei com um medo que nem Exu me causaria. Saí correndo pelas ruas de Osaco, louca em Satanás, gritando palavrões e segurando meu shortinho de lycra.
Aquele encontro não saiu da minha head (cabeça, em inglês, porque sou bilíngue, né?). Mal sabia eu que, anos depois, essas palavras estariam prestes a se tornar realidade.
Acordei. Estava estatelada no chão, sem noção de tempo, espaço ou moral. Pisquei os olhos algumas vezes até o cérebro ungido dar um “restart” e me lembrar da tragédia: os produtos do Pastor Jairo foram roubados! Meu Deus, o que aconteceu enquanto eu estava apagada? Será que fui… estruprada?
Tentei juntar os fragmentos do que vi antes de desmaiar. Do meu lado, numa caixa vazia de iPad, repousava um adesivo de maçã mordida da Apple. Mais à frente, avistei um tênis de molas jogado como se fosse um artefato deixado pelo próprio Satanás.
Levantei com dificuldade, como quem acaba de sair de uma vigília de 72 horas sem café. Peguei o tênis nas mãos. Ele parecia pesado, carregado de mistério. Meu olhar pousou no solado, e lá estava: tamanho 44. Foi como se um raio tivesse atingido minha alma. Lembrei imediatamente da profecia da Crente Misteriosa no ponto de ônibus anos atrás:
“No dia que você encontrar o grande amor de sua vida, essas palavras farão sentido: 44, maçã e mola…”
Minha respiração travou. O grande amor da minha vida… é um ladrão? Jesus amado, como lidar com isso? Como eu encontraria o varão, se a única pista que eu tinha dele era esse tênis de molas?
Foi então que, no meio da minha epifania, ouvi uma voz familiar.
— Mamãe!?
Virei e dei de cara com Rayanne Kellyane, minha filha, com olhos marejados e um drama juvenil que só crianças sabem fazer.
— Rayanne, onde você estava? Pensei que tivesse sido morta, sequestrada, ou pior, ido pra casa de uma mundana!
— Ai, mãe, calma. Começou a sair sangue da minha vagina, daí fui pro hospital. Mas tá tudo bem. Eu só… menstruei! Virei mocinha, mãe! Não é lindo?
Respirei fundo, entre o alívio e o estresse, e dei a melhor resposta que uma mãe cristã em crise pode dar:
— Ok. Vai pra casa, pega uma toalha de rosto, dobra no meio e põe entre as pernas. Mamãe tá lidando com coisa mais importante agora.
Rayanne Kellyane saiu aos prantos, como boa iniciante na arte da menstruação. Criança é assim mesmo: mal pode sangrar que já acha que o mundo gira em torno dela.
Ainda desnorteada, peguei meu ungido celular da Apple e liguei para o Pastor Reginaldo, que chegou na Igreja como se tivesse recebido um aviso direto do WhatsApp de Deus.
— Como assim, Neide? Todos os produtos foram roubados?!
— Sim, Pastor! Eu saí pra procurar minha filha e quando voltei o ladrão já tava aqui… Vou chamar a polícia agora pra resolver isso.
— Tá amarrado! Não chame a polícia! Os produtos não têm nota fiscal. Eles vieram, digamos… “abençoados” da China.
— Pastor, o senhor tá me dizendo que está envolvido em contrabando?
— Não chame assim, varoa! Foi apenas uma estratégia de melhor arrecadação para glorificar o Reino de Deus! Mas agora está tudo por água abaixo. E como foi você que deixou isso acontecer, eu exijo que recupere tudo.
Engoli seco.
— Sim, Pastor. Reconheço minha culpa e prometo que trarei de volta todos os produtos ungidos.
— É bom mesmo. Acho que você não quer ser banida da congregação, né? Só volte aqui quando tiver resolvido isso.
Ele saiu da Igreja, todo altivo, como se tivesse encerrado um sermão sobre arrependimento. Fechei a Igreja com as mãos trêmulas, apertando o tênis de molas como se fosse minha única esperança. Minha vida agora dependia de encontrar aquele ladrão – meu suposto “grande amor” –, recuperar os produtos do Pastor e, quem sabe, minha dignidade na congregação.
Sentei no ponto de ônibus, o mesmo onde recebi a profecia da Crente Misteriosa. Levantei as mãos para o céu e clamei:
— Senhor, me dá um caminho! Como lidar com tudo isso?
Foi então que senti uma mão no meu ombro.
— Aconteceu do jeito que eu profetizei, não?
Virei e quase perdi o fôlego. Lá estava ela, a Crente Misteriosa.
— Impossível! Você aqui?— O Senhor nos trouxe juntas de novo. Estou aqui para ajudar.
— Ajudar como? Meu grande amor é o ladrão que roubou os produtos ungidos da Igreja! Isso não está certo…
— O Senhor sempre está certo. Você terá que ser forte, varoa. Para encontrar o grande amor da sua vida e recuperar o que perdeu, precisará enfrentar uma grande provação.
— Eu faço qualquer coisa, irmã! Qualquer coisa!
— Você precisará voltar para a vida oca.
Levantei indignada, com o espírito fervendo.
— O QUÊ? Cheirou ânus? Nunca mais volto a ser oca!
— Estou apenas dizendo o que precisará fazer. Logo entenderá.
Ela me olhou com compaixão e sumiu. Isso mesmo, desapareceu como uma visão divina. Fiquei ali, atordoada, encarando o vazio.
Voltar a ser oca? Era o único caminho para encontrar o amor da minha vida, os produtos do Pastor Reginaldo e minha aceitação na Igreja? Essa história tá mais enrolada que novela da Record, e olha que ela tá só começando…
Será que Neide cederá e voltará à vida oca? Encontrará o varão e salvará sua reputação? Não perca os próximos capítulos de “Tudo Por Um Varão”.
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