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Amélia, a revista das mulheres!

Amélia, a revista da dona de casa! Análise crítica das notícias e dicas machistas presentes na capa da revista

Amelia
Capa da revista dos anos 2000 mostra como os estereótipos de gênero eram retratados na época.
Ao folhear uma antiga revista, deparei-me com uma capa que me fez gargalhar: uma dona de casa de avental varrendo a casa. Não é que eu tenha nada contra donas de casa, muito pelo contrário. Eu mesma me considero uma dona de casa de carteirinha. Mas a imagem, somada às manchetes que a revista apresentava, eram tão surreais que não pude deixar de rir.
A primeira notícia que me chamou a atenção foi a do horóscopo: “Deixe seu namorado gandaiar em paz”. Sério, isso era uma previsão astrológica? Fiquei curiosa para saber em que planeta a pessoa que escreveu isso vive. Afinal, há algum signo que exija que o companheiro fique grudado a ele o tempo todo? Talvez eu precise dar uma olhada mais aprofundada no meu horóscopo.
Mas a coisa só piorou a partir daí. A próxima manchete dizia: “Meu marido arrumou um amante e salvou meu casamento”. Isso mesmo, você leu corretamente. Uma mulher afirmava que seu casamento havia sido salvo graças à infidelidade do marido. Seria essa uma nova técnica de terapia de casal que eu não conheço? Ou apenas um caso bizarro e isolado?
Depois de me recuperar do susto, me deparei com a seção de beleza. E adivinha qual era a novidade da vez? Esperma. Isso mesmo, o fluido seminal dos homens estava sendo indicado como um tratamento de beleza para a pele. Será que os homens estão dispostos a doar seu esperma para que as mulheres possam usá-lo em sua rotina de cuidados pessoais? Sinceramente, fiquei imaginando o processo de produção e embalagem de um creme de esperma. A indústria da beleza está mesmo indo longe demais.
E, para completar a insanidade, a revista ainda trazia uma seção intitulada “faça você mesma”. Até aí, nada demais. O problema é que as dicas eram bastante duvidosas. A primeira delas ensinava a não incomodar o homem e a aprender a consertar chuveiros, matar baratas e trocar pneus. Mas o que é isso? As mulheres não são capazes de fazer essas tarefas sozinhas? Eu mesma já troquei um pneu e não precisei de ajuda masculina para isso.
Claro, não podia faltar a seção de sexo. A revista trazia uma lista de 15 dicas criativas para fazer oral no parceiro. Claro, nada contra dicas de sexo. Mas a forma como elas eram apresentadas me deixou perplexa. Era como se o sexo oral fosse algo a ser feito somente para agradar o parceiro e não para que a mulher também pudesse sentir prazer.

E, por último, mas não menos importante: a dica para manter a cerveja gelada e evitar reclamações. Eu não posso negar que essa é uma dica importante. Afinal, quem não gosta de uma cerveja geladinha? Mas será que os homens reclamam tanto assim quando a cerveja não está gelada? Fiquei imaginando uma cena em que um homem chega em casa e diz: “Nossa, a cerveja não está gelada. Não sei como aguentar isso”. Será que isso realmente acontece ou é apenas uma piada sem graça?

Brincadeiras à parte, a revista que encontrei é um exemplo do quanto as coisas mudaram nos últimos anos. As ideias e comportamentos que eram considerados normais na época em que a revista foi publicada agora parecem completamente absurdos. Ainda bem que a sociedade evoluiu e hoje temos um olhar mais crítico e reflexivo sobre essas questões.

Mas, mesmo assim, é importante lembrar que ainda há muito trabalho a ser feito em relação à igualdade de gênero e à desconstrução de estereótipos. Ainda há muitas mulheres que são vistas como donas de casa que devem se dedicar somente aos afazeres domésticos e que não são capazes de realizar tarefas consideradas masculinas. Ainda há muitos homens que acham que o sexo deve ser focado somente no prazer deles e que não se importam com o prazer da parceira. E ainda há muitos estereótipos e preconceitos que precisam ser combatidos.

Por isso, é importante continuarmos lutando por uma sociedade mais justa e igualitária, em que homens e mulheres tenham as mesmas oportunidades e possam realizar suas escolhas sem serem julgados ou limitados por sua identidade de gênero. E quem sabe, um dia, as revistas poderão trazer notícias realmente interessantes e úteis, em vez de dicas machistas e absurdas.

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