Amor, Hemorroidas e Banheiros Públicos: Uma Jornada de Superação
Descubra como um romance à distância virou uma odisseia cheia de desafios, humor e aventuras épicas em banheiros públicos
Nem toda grande história começa com glória e aventura; algumas nascem de um feriado prolongado, um romance à distância e escolhas que desafiam a lógica – e no caso, o meu intestino. O que vou contar aqui é absolutamente real, mas, por razões de privacidade (e dignidade), vou poupar nomes, cidades e até detalhes fisiológicos mais gráficos. O importante é que você saiba: se existe um prêmio para maior perrengue em nome do amor, eu provavelmente sou o campeão.
Parte 1: Amor, economia e a arte de passar perrengue
A distância que desafiava a lógica e o amor
Namorar à distância é um esporte radical que requer três coisas: paciência, logística e, claro, um coração mole o suficiente para topar um roteiro de filme de ação só para um abraço de três dias. Minha ex-esposa, na época namorada, morava a 500 km de distância – uma distância que, se fosse medida em bom senso, teria me feito repensar algumas decisões. Mas o amor, sabe como é, tem a péssima mania de vencer a lógica.
Eu já tinha um carro. Sim, um carro! E o que fiz? Resolvi brincar de “quem precisa de comodidade?”. Decidi que seria uma ideia genial ir até a casa dela, deixar o carro lá e voltar de alguma forma criativa. Era economia pra casar, ou pelo menos foi o que eu disse a mim mesmo enquanto inventava essas gambiarras logísticas. Na prática, era como tentar resolver um cubo mágico com as mãos meladas de óleo.
Na ida, tudo certo. Eu dirigia, chegava lá e deixava o carro como se fosse algum tipo de oferenda ao amor eterno. Na volta? Ah, aí começava a epopeia. O interior onde eu morava parecia ter um pacto de isolamento: nenhuma linha de ônibus sequer chegava perto do território da minha então namorada. Era como se a logística tivesse sido projetada por alguém que odeia histórias de amor (poderia ser até um aviso do destino…).
Caronas e aliados no meio do nada
Para contornar o caos, eu contava com meus aliados secretos: os amigos do posto de combustível da cidade. Sempre havia um caminhoneiro anjo da guarda passando por lá, pronto para me dar uma carona até onde o destino permitisse. Além disso, a rodovia que cruzava minha cidade era praticamente uma avenida de ligação entre os estados. Isso fazia dela um verdadeiro desfile de fazendeiros, viajantes e todo tipo de personagem que pudesse me socorrer. E, convenhamos, conseguir carona com fazendeiros era um prêmio: já peguei carona na comodidade de carros que fariam qualquer ônibus parecer um cortiço sobre rodas.
Certa vez, vivi até uma aventura digna de nota: peguei carona com um fazendeiro rico da região. Conhecia o homem de longe, por conta das idas dele à loja do meu pai. Ele estava tão cansado que pediu para eu dirigir. Nunca na vida tinha encostado numa caminhonete importada, ainda mais automática. Foi uma mistura de medo, orgulho e um leve pânico tecnológico. Mas essa história, deixo para contar outro dia.
A questão é que, entre caminhoneiros, viajantes e fazendeiros, eu sempre dava um jeito. Minha volta era uma verdadeira gincana do improviso, mas funcionava – pelo menos até o próximo desafio aparecer.
Mas nessa vez específica, a viagem começou com mais esperteza: eu estava de carro! Só que, claro, precisava resolver a volta. Afinal, a tradição de abandonar o veículo já estava firmada. Era um feriado prolongado, e fui pra lá pensando em um final de semana tranquilo. Spoiler: não foi nada disso.
Tudo parecia sob controle… até não estar mais
O feriado começou bem. Namorei, comi, bebi, aproveitei. Era tudo um mar de rosas… até o dia de voltar pra casa. Minha volta era um verdadeiro triatlo rodoviário: ônibus à tarde para uma cidade a 200 km, espera de três horas por outro ônibus até a cidade da minha tia, pernoite lá, e no dia seguinte, finalmente, o ônibus “direto” para casa. Fácil, né? Só que não.
O problema começou quando, antes de ir embora, minha despedida virou uma festa de despedida do fígado. O sogro resolveu assar uma leitoa – e, veja bem, eu AMO uma leitoa assada. Coloque uma cerveja gelada na equação, e pronto, estava num banquete. Esqueci do ônibus, do perrengue, e até do que o álcool faz com o organismo. Afinal, quando você não vai dirigir, o limite é o céu – ou o banheiro, como descobriria mais tarde.
Foi assim, regado a porco e cevada, que começou minha jornada épica rumo ao inferno das rodoviárias.
Parte 2: De Herói Romântico a Sobrevivente do Banheiro Público
Quando o corpo avisa que tudo vai dar errado
Depois do almoço épico com leitoa, cerveja e um cardápio completo de escolhas alimentares duvidosas, chegou a hora de partir. Era o início da jornada. Minha ex – mas, namorada na época – me levou até a rodoviária, afinal, ia ficar com meu carro. Lá, despedidas cheias de amor. “Tchau, amorzinho, boa viagem!” Mal sabia ela que, em poucas horas, o amor seria trocado por desespero intestinal e uma profunda reflexão sobre a vida.
Cheguei na primeira rodoviária por volta das 15h, já com um itinerário definido: esperar até umas 18h/19h pelo próximo ônibus. Simples, não? Errado. Porque o que parecia um tempo tranquilo para dar aquela descansada virou um timing perfeito para a cerveja e a leitoa se transformarem em um tsunami gastrointestinal.
Começou devagar. Primeiro, aquela pontada sutil, uma espécie de “Hey, amigo, algo aqui dentro não está certo”. Ignorei. Fiquei sentado, pensando na vida. Mas o sinal voltou, agora com força, como se alguém tivesse girado o botão de emergência dentro do meu intestino.
E aí veio o problema principal: eu tinha hemorroida. Sim, um problema que já era suficiente para me fazer evitar banheiros públicos a qualquer custo. Mas a cerveja, a gordura da leitoa e minha teimosia não estavam nem aí pra isso. Eles tinham se juntado numa rebelião interna, e eu já suava frio enquanto tentava calcular minhas opções.
Banheiro público: onde dignidade vai para morrer
Olhei ao redor. A rodoviária era o típico cenário de interior que todo brasileiro conhece: pequena, decadente, com aquela lanchonete (boteco) vendendo salgados fritos de procedência duvidosa dentro de uma estufa engordurada. O ambiente como normalmente, com bêbados. Alguns dormindo nos bancos, outros enchendo o saco das pessoas que só a cachaça explica. Era o tipo de lugar que parece preso no tempo, mas não no tempo certo.
Banheiro de rodoviária todo mundo conhece. É um convite ao desespero antes mesmo de entrar. As portas dos boxes, quando não estão quebradas, simplesmente não trancam. As paredes são uma exposição permanente de pichação e recados que misturam números de telefone, promessas duvidosas e xingamentos personalizados. É como se cada porta carregasse sua própria novela de ofensas e segredos sórdidos rabiscados à caneta.
Quanto à limpeza, o que se encontra é um cenário que faz qualquer um repensar a vida. Vasos sanitários transbordando de merda, descargas que nunca funcionam – isso, claro, quando os vasos não estão completamente entupidos. O cheiro é um capítulo à parte: uma mistura insuportável de fezes paradas, urina velha e desespero humano. É uma sujeira de um nível tão alarmante que parece parte da decoração. Só falta ter merda nas paredes (e em alguns lugares, talvez até tenha), porque nos vasos já tem de sobra. Um ambiente que faz qualquer pessoa questionar se realmente precisa estar ali.
Por ser uma rodoviária pequena, não havia onde deixar a mala, então entrei no banheiro carregando tudo comigo, como quem se prepara para atravessar um campo minado. O cheiro era uma verdadeira agressão aos sentidos, uma mistura tóxica de fezes e urina capaz de derrubar até o mais forte dos viajantes. Os vasos sanitários pareciam competir pelo prêmio de “cenário mais apocalíptico”, cada um mais deplorável que o outro. Após uma busca quase arqueológica, encontrei um que, milagrosamente, tinha apenas mijo. Dei descarga para garantir, mas aí veio o próximo desafio: não tinha papel higiênico.
Farmácia, absorventes e improviso épico
Eu já estava suando mais que o Padre do Exorcista. Segurar o intestino era uma verdadeira batalha épica. Não tinha papel, e o vaso não era exatamente um trono digno de um rei. Foi então que lembrei de uma pequena farmácia do outro lado da rodoviária e, por sorte – porque era domingo –, estava aberta. Corri para lá, literalmente me apertando, com uma expressão que provavelmente fez a atendente repensar todas as suas decisões de vida até aquele momento.
“Papel higiênico, por favor!” – implorei.
Ela respondeu com a calma de quem nunca precisou cagar em banheiro público: “Não temos. Mas tem lenço umedecido.”
Naquele momento eu já estava aceitando qualquer coisa. Peguei o lenço, mas aí vi algo que me salvou do que seria um pesadelo logístico: absorvente feminino. Não era o que eu planejava comprar na vida, mas naquele momento, foi como achar um tesouro. Peguei um pacote, paguei, e saí voando de volta ao banheiro.
Chegando lá, com o lenço em uma mão e o pacote de absorvente na outra, eu estava à beira de um colapso intestinal. O negócio já estava para explodir, e sinceramente nem sei como consegui segurar tanto até “preparar o território”. Foi um esforço sobre-humano, o tipo de autocontrole que deveria ser estudado pela ciência. Comecei o improviso como quem constrói um abrigo anti-radiação em tempo recorde. Forrei o vaso com absorventes de forma quase artística, criando uma camada acolchoada que, devo admitir, ficou até confortável. Sentei-me, e… alívio.
O alívio que redefine uma pessoa (mas não sem sofrimento)
Alívio? Bom, não foi um alívio qualquer; foi o tipo de alívio que redefine você como pessoa. Só que, em vez de normalidade, o que veio foi um verdadeiro kinder ovo de horrores: um tsunami de diarreia líquida, o resultado inevitável de um final de semana mergulhado em leitoa, fritura e álcool. Era como se meu corpo estivesse punindo todas as minhas decisões alimentares de uma só vez.
E, claro, a hemorroida estava lá, brilhando no palco como aquele amigo inconveniente que aparece sem ser convidado e rouba a cena. O ardor era simplesmente indescritível, uma mistura de dor e desespero que me fazia repensar a vida inteira. Em casa, a mangueirinha do lado do vaso sempre resolvia com dignidade. Ali? Era lenço umedecido, força mental e a certeza de que, depois daquela experiência, eu nunca mais seria o mesmo.
Fiquei no banheiro por mais de uma hora. Uma hora! Entre limpar, aliviar e tentar encontrar um motivo para continuar existindo, eu já imaginava que o pessoal de fora devia estar achando que tinha acontecido algo grave lá dentro – o cheiro (que agora tinha piorado), a demora, tudo contribuía para a narrativa de um crime.
Finalmente, saí. Rosto vermelho, corpo suado, e alma parcialmente morta. Voltei pra área de espera, sentei-me, e fiquei lá tentando esquecer tudo o que tinha acabado de acontecer.
Parte 3: Traumas de Rodoviária e a Decisão de Viver com Mais Dignidade
A humilhação rodoviária: o peso de uma guerra intestinal
Depois do episódio épico no banheiro da rodoviária, eu estava fisicamente aliviado, mas emocionalmente devastado. Não era só a vergonha de ter passado mais de uma hora enfrentando uma guerra bioquímica; era o peso da humilhação rodoviária, aquele que só quem já usou um banheiro público em situação de emergência entende.
Finalmente, o ônibus chegou. Entrei cabisbaixo, sentei no meu banco ao lado da janela e coloquei os fones de ouvido, tentando me isolar do mundo enquanto processava tudo o que tinha acabado de acontecer. Mas era impossível fingir normalidade; meu rosto provavelmente já denunciava o que eu tinha acabado de enfrentar.
O cheiro? Esse parecia ter impregnado em mim de uma forma que nem os lenços umedecidos conseguiam resolver. Era como se o trauma tivesse se materializado em odor. Depois de algo assim, não há lenço ou desodorante que resolva; só um banho bem dado seria capaz de exorcizar as lembranças daquela experiência.
A viagem até a cidade da minha tia foi uma das mais longas que já enfrentei – ou, pelo menos, pareceu assim. Além do trauma recente, meu estômago continuava dando sinais de que poderia me trair a qualquer momento. Cada buraco na estrada era como ligar o modo “liquidificador” dentro de mim, e eu segurava firme no braço da poltrona, rezando para não passar por outro perrengue antes de chegar. E, como todo mundo sabe, ônibus de rota para em todas as cidades do caminho, mas só para embarque e desembarque. Nada de paradas decentes para comer ou usar o banheiro. Pra minha sorte (ou azar), esse itinerário era direto, sem qualquer descanso para os passageiros. O ônibus tinha banheiro? Tinha. Mas e minha dignidade, ficava onde? Fui me contorcendo e segurando até a coisa parecer, enfim, acalmar. Porque, convenhamos, se eu tivesse que encarar aquele banheiro em movimento, os passageiros provavelmente iriam me jogar pela janela.
Finalmente, lá pelas 22h, o ônibus chegou à cidade da minha tia. Desci, peguei minha mala e comecei a andar até a casa dela, como se estivesse em uma peregrinação sagrada. Não era tão longe, mas também não era perto o suficiente para não reclamar. Sem outra opção, marchei com a mala pesada na mão e o cansaço nas costas. Chegar lá e ouvir um simples “você não quer tomar um banho?” foi, sem dúvida, a melhor coisa que aconteceu no dia.
O banho redentor e a volta à dignidade
O banho foi quase espiritual. Água quente, sabonete, e o tipo de reflexão que só vem depois de passar um feriado sendo esmagado pelas suas próprias escolhas de vida. Olhei para o chuveiro como se fosse um milagre moderno. Pensei: “Isso, sim, é luxo. Pra que viajar, namorar ou economizar? Mangueirinha salva vidas.”
Depois de tudo aquilo, nem pensei em comer nada. Apenas tomei um copo d’água, tentando não provocar ainda mais o estrago interno, e fui direto tentar dormir. O sono, no entanto, foi difícil; minha mente não parava de repassar cada detalhe do caos vivido, como se estivesse assistindo a um filme ruim em looping. Na manhã seguinte, levantei cedo para pegar o último ônibus dessa saga interminável. O cansaço era evidente, mas a determinação de finalmente chegar em casa e encerrar essa odisseia era maior.
O ônibus, por sorte, estava vazio, então pude viajar mais relaxado, sem ninguém do lado para me apertar ou disputar o encosto de braço. Mas o calor estava infernal. Não sei se o ar-condicionado estava quebrado ou se o ônibus simplesmente não tinha, mas parecia uma sauna sobre rodas. Para piorar, faltando uns 30 km para chegar, ele fez uma parada em uma “vila” e ficou ali por uma eternidade, como se nunca fosse embora. Depois de mais essa, finalmente cheguei em casa.
Nunca mais: promessas feitas sob trauma
Desembarquei com um único pensamento na cabeça: “nunca mais, NUNCA MAIS, eu viajo de ônibus”. Era uma promessa que eu faria questão de cumprir. O carro que eu deixava como “economia” na casa da namorada virou a única opção dali em diante. Percebi que minha obsessão por economizar só tinha me custado saúde, dignidade e, provavelmente, alguns anos de terapia.
Cheguei em casa e, ao sentar no sofá, senti uma paz que só um vaso sanitário limpo e uma mangueirinha podem proporcionar. Fiz outra promessa: nunca mais comer e beber como um condenado antes de viajar. Claro, promessa essa que foi quebrada no mês seguinte, porque algumas lições a gente só finge que aprende.
E foi assim que esse feriado, que começou como uma visita romântica, se transformou no dia em que fiz mais promessas do que cumprimentos. Não sei se saí mais forte dessa experiência, mas tenho certeza de que saí mais sábio – ou, no mínimo, mais traumatizado.
Fim.
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